segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
A parte do prato
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Crônica da saudade
Porque sentimos falta de alguém que sequer ocupou o lugar mais importante ao nosso lado. Não é uma pergunta, não. É uma afirmação para tentar justificar o injustificável que é o vazio, o buraco ou a cratera que há ao lado de quem sofre pela ausência de um amor que se foi, ou pela saudade de um que jamais existiu.
É difícil admitir, mas sinto uma certa ponta de inveja das pessoas que tem um amor e que são correspondidas. Não acredito em inveja boa ou ruim, apenas creio que existe o sentimento de olhar para a felicidade alheia e querer algo parecido pra si. Uma inveja que não é bem inveja, mas uma fonte de inspiração, talvez. A segurança de ter alguém e sentir-se amado é sonho que parece cada vez mais distante, não importa quão nobres sejam nossos sentimentos. O que de concreto existe é a realidade, comum a muitos, e que faz questão de mostrar-se toda vez em que o calendário aponta uma data especial, seja Páscoa, dia dos namorados, Natal... Ou até mesmo as datas que não foram previstas ou assinaladas por ninguém, apenas aqueles momentos particulares, em que não há ninguém pra compartilhar a alegria de uma conquista ou a dor de um – ou de mais um – fracasso. Pior ainda é não ter ninguém sequer para ouvir uma música e reviver um momento que ficou na lembrança.
A gente se faz passar por forte quando na verdade se borra de medo. Engolimos a seco um dissabor da mesma forma que tomaríamos um suco de laranja gelado em um dia de calor, enquanto que nossa real e única vontade é cuspir tudo e sair correndo pros braços de alguém que nos passe segurança. Alguns “quase que sortudos” – acho que me enquadro neste seleto grupo – têm a sorte de poder contar com pais, ou amigos, ou quem quer que seja, capaz de dar esta força. Mas não é de amor fraternal apenas que precisamos a partir de certa fase da vida. É de pele, química, carne, corpo e, principalmente, coração. Onde você está?