Tudo começou porque eu queria dar uma espairecida. Então, eu fui para um dos lugares mais frequentados da Ilha durante o verão, mas que, no inverno, fica quase deserto, não fosse os habitantes deste simpático vilarejo. Simpático durante o dia porque, logo que escureceu, a noite ficou na penumbra. A iluminação pública era insuficiente para dar conta de tanta neblina. E eu, como sou traumatizado com assaltos, ficava imaginando um terrorista em potencial quando avistava qualquer pessoa, mesmo que fosse uma vovozinha, andando na rua. Também, o que a velhinha tinha de fazer na rua com aquela escuridão. Eu já me imaginava sendo capaz de dar um golpe qualquer de arte marcial na coitadinha, caso ela resolvesse me assaltar. Lógico que se ela tentasse me roubar não seria tão coitadinha assim. Às vezes, até tentava posar de malandro quando vinha alguém em minha direção, mas acho que ficava meio ridículo aos olhos de quem passava, que se tinha alguém pensando em fazer alguma maldade, não fazia porque ficava com pena. Sim, porque vestido completamente com cores claras e combinando, acho que eu não convencia muito como malandro. Agora, como retardado, certamente eu não sou convencia como devia comover.
Então, delícias, hoje era isso. E lembrem-se: nas noites de lua-cheia, cuidado com o cadeirudo. Ele jura que não, mas pode voltar.