domingo, 30 de dezembro de 2012

Crescer


Os dias passam devagar enquanto que os anos voam. Lembro que, quando criança, eu não via a hora de me tornar adulto e independente. Sim, porque quando somos nanicos e não precisamos correr atrás para prover o nosso sustento, a independência é um sonho de consumo mais valioso que qualquer outra coisa. Entretanto, o tempo passa e começamos a dar os primeiros passos com nossas próprias pernas. E é aí onde começam a surgir os primeiros desafios.

É certo que uma hora ou outra deixaremos a barra da saia da mãe e começaremos a correr em direção aos nossos ideais. No início, fritar um ovo é uma aventura e cozinhar feijão, missão impossível. O arroz queima na panela, a roupa fica manchada com sabão em pó, as camisetas ficam com uma linha bem no meio do peito que indica que recém saíram do varal e nem sequer viram um ferro de passar.
As contas são um desafio que eu, particularmente, tenho dificuldade em vencer. Gasto mais do que tenho sempre e, quanto mais ganho, mais gasto. Quando a gente começa a ficar adulto entende o significado prático da palavra insônia. Parece castigo dos céus quando olhamos uma roupa na vitrina e queremos comprá-la e, ao sermos informados pelo vendedor do preço, abrimos aquele sorriso amarelo-desmaio e soltamos o tão famoso hoje só estou dando uma olhadinha – e damos uma olhadinha mesmo, para nos certificarmos de que nossa mãe não está por perto para fazermos aquela birra básica até ela dizer que esta é a última vez que vai ser vencida por nossa cara feia de choro.

Quando crianças, as únicas pessoas que amamos são as que jamais – via de regra -, vão deixar de nos amar: pai, mãe, irmãos e avós. Já quando crescemos e nosso corpo começa a passar por mudanças, bem como nossa cabeça, conhecemos pessoas novas e uma dessas pessoas vai balançar legal com nossas emoções, bem mais do que nossas experiências fraternais foram capazes. Se tivermos sorte, seremos correspondidos e viveremos felizes para sempre; como esse tipo de amor não segue o script de amor de pai e mãe, geralmente é nessa época que aprendemos o que é sofrer por amor. E, é nessa fase também, que juramos nunca mais entregar nosso principal órgão vital a ninguém. Prometemos a nós mesmos que nosso coração – pobrezinho – vai passar a morar dentro de uma jaula e que a chave dessa jaula será jogada fora para que nunca mais se aventure por aí. Isso funciona, até que alguém encontra a chave e vem até nós para entregá-la. E é nessa hora que o coração que estava adormecido na sua linda gaiola acorda, fica agitado e rompe as grades que o aprisionavam. E uma nova história começa a se desenrolar, com as mesmas chances de dar certo – ou não.

Amadurecer é necessário, não que seja uma tarefa das mais fáceis. As escolhas nem sempre são simples e as pessoas que passam por nós também têm suas histórias, suas crises, seus momentos. E é por isso que devemos desenvolver habilidades para atingirmos o máximo de independência possível. Porque esse máximo nunca será, necessariamente, mais do que o mínimo.

sábado, 20 de outubro de 2012

Em algum lugar

Meu amor...
Sei que faz muito tempo que não nos falamos mais, mas escrever pra você é a maneira que encontrei de lhe falar sem sentir como se estivesse me intrometendo em sua vida e querendo atrapalhar sua felicidade. Até porque você irá ler esta carta apenas se procurar por ela; do contrário, jamais saberá que ela foi escrita.
Sabe, já faz dias que tenho sonhado com você quase todas as vezes em que fecho meus olhos para dormir. Mesmo que não seja um sono profundo - até quando cochilo logo depois do almoço, entre uma aula e outra. Fiquei com muita vontade de saber como você está, se está pensando ou não em mim. Porque, às vezes, a sensação que eu tenho é a de que estamos conectados e nossos pensamentos se cruzam em algum lugar do cosmos. Isso parece idiota, e eu mais ainda. Mas é isso o que eu sinto.
Eu tenho ouvido sua voz, sentido sua presença e tudo é muito real. Esses dias eu estava mexendo em uma caixa que contêm algumas lembranças marcantes e, dentre elas, estavam o par de ingressos que compramos para ver Shrek para sempre no cinema, há mais de dois anos. São só dois bilhetes, mas ao mesmo tempo são bem mais que isso: esses ingressos representam o que fomos um dia e o que não mais somos hoje: um par. Eu gostava de ser seu par e imaginava que seria assim para sempre, eu sendo o seu par e você o meu. Mas, ao contrário do filme, nosso Felizes para Sempre durou muito pouco. Bem, pelo que percebo, você está bem feliz. Acho que quem está com você agora está fazendo um bom trabalho.
Sabe, você pode me chamar de egoísta por isso, mas se eu disser que sinto o contrário estarei mentindo: eu penso o que me faltou e que essa outra pessoa tem a mais que eu. Eu me olho o espelho e não admito não ter feito você sorrir como vejo que você sorri agora. Não sei se você lembra, mas há pouco mais de um mês foi o meu aniversário. E ele não foi completo. Na verdade, desde que nos separamos, nunca mais uma data especial foi completa. E o lugar que um dia você ocupou um dia, até agora não consegui colocar ninguém. Sempre há uma data para lembrar e eu não me sinto confortável em me imaginar com alguém, mas pensando e lembrando de você.
Daqui alguns dias, no início do próximo mês, fará aniversário de 3 anos do dia em que nos conhecemos, naquela loja de conveniência. Às vezes, eu me pergunto o que eu fui fazer lá naquela data. Eu podia ter ficado em casa dormindo. Entretanto, se eu tivesse ficado em casa, tudo teria sido diferente e talvez eu ainda estivesse sem saber o que é amar alguém de verdade.
Bem... o que eu queria dizer era isso. Essa carta, você sabe onde encontrar. E, se encontrar, é porque procurou...

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

23 anos

Depois de muito tempo longe da tela do computador - mentira, da tela do blog, porque do computador ninguém em afasta!! -, resolvi escolher a data de hoje para retornar com uma nova postagem. Na verdade, não foi nada de caso pensado. Acabo de lembrar que tenho blog e que há séculos não dou o ar da graça da minha presença por aqui. E hoje, como é o MEU ANIVERSÁRIO, decidi que seria bom dizer algumas palavras sobre como me sinto.
Bem, pra começar, um retardado. Sim, porque foi um dia como outro qualquer. Tudo bem que na minha cabeça fantasiosa foi e está sendo o dia mais importante do ano, desde que deixei de acreditar em Coelho da Páscoa e Papai Noel. Fiz faxina, lavei roupa e fui p o estágio. Por pouco não fui trabalhar como freelancer, pra não ficar sozinho. Como se não tivesse convites para sair. Ok, eu não sou a pessoa cuja presença é a mais cobiçada mas, acreditem se quiserem, alguns amigos gostariam de me arrancar de casa nesta data tão querida. E eu, como todo bom ser acéfalo, resolvi ficar em casa e locar O Fantasma da Ópera. Tudo bem que eu estou pra assistir esse filme há anos, mas tinha que ser justo hoje o dia em que eu deveria ter tido a genial ideia de passar na locadora e trazê-lo pra casa? Ainda não vi, estou esperando para antes comer o banquete para dezoito pessoas que preparei aqui em casa. Considerando que estou sozinho pra jantar, vou ter comida congelada pelos próximos dezessete dias.
Nesta madrugada, assisti a um filme maravilhoso, porque o sono não queria me fazer companhia. O Parque. Um filme divertidíssimo, como eu não via há tempos. E, nesse filme, tinha uma retardada que não era capaz nem de se matar, de tão inútil que era. Não que esse seja o meu caso, amo a vida e pretendo ficar com ela por um tempo, no mínimo até que a morte nos separe. Rá, essa foi boa, admitam... A comparação que faço de mim com a topeira do filme é que eu sou uma topeira igualzinha a ela. Quer dizer, nem tão igual, porque no final ela encontrou alguém tão desastrado quanto ela pra ser sua metade da laranja. Não que eu esteja procurando alguém, como já disse, um amor agora pode atrapalhar minha carreira e deu. Mentira, isso é conversa de mal-amado.
Enfim, sei que agora, quando o dia já está quase se despedindo, me deu uma vontade louca de viver, de gritar, sair correndo nu... mentira, eu não seria tão insano a ponto disso. Mas sei lá, este espaço está sendo como se fosse a minha janela, por onde abro minha garganta e grito e vocês, meia-dúzia de gato-pingado de leitores, os meus vizinhos e transeuntes que olham apavorados tentando entender o que um ensandecido grita sem motivo. Sem motivo pra vocês, eu garanto!!
Beijocas

sábado, 30 de junho de 2012

Dentinho lindo

No início - bem no início -, eu não tinha dentes. Nem eu e nem nenhum ser humano normal. Com alguns meses, minha gengiva começou a coçar e eis que apontam os primeiros. Tive febre e tudo. Não que eu me lembre disso, mas é o que concluo pelas observações desta fase quando meus sobrinhos eram bebês. Por volta dos 5 anos (???) eles começaram a cair. E, felizmente, nasciam de novo, senão eu seria banguela. E eu  ganhei um bom dinheiro com a fada dos dentes. Eu era tão feliz porque a fada vinha em uma noite, deixava as moedas sob meu travesseiro e não levava o dente. Então, no dia seguinte, meu pai dizia que se eu deixasse meu dente no jardim do meu padrinho, ela me daria mais moedas. E eu o fazia, só que neste caso, o dente sumia. Até o dia em que o sem-graça do meu irmão, já pré-adolescente e sem mais nenhum dente para a fada comprar resolveu contar a verdade e dizer que a fada não existia, e que eram meu pai e meu padrinho quem colocavam os trocados e levavam o dente. Provavelmente ele jurava que eu ia ficar desiludido e nunca mais ia cair no conto da safada. Confesso que fiquei meio desapontado, como quando da vez em que ele revelou que nem coelho da Páscoa nem Papai-Noel existiam, mas como eu era mercenário, refleti e conclui que poderia me fazer de leitão e aproveitar pra ganhar mais um dinheirinho com os demais dentes que eu esperava que caíssem. E eles caíram. E novos nasceram. E os anos passaram e eu me preparava para quando os siso chegassem. Significaria que eu já estava adulto. Mal sabia eu o que me esperava...
Minha boca só tem espaço para vinte e oito dentes. Por isso, quando os quatro últimos começaram a nascer, por volta dos meus dezenove anos, foi como se eu estivesse entrando em trabalho de parto. Um parto que demoraria quase quatro anos para chegar ao fim. Nascia um por vez, e esse processo levava cerca de uns oito meses. Sentia dor durante uns quine dias, passava um mês e não sentia nada, a dor retornava por duas semanas, depois ia embora, depois outro dente resolvia dar as caras, e os dentistas se recusavam a arrancá-los. Porque não era na boca deles, óbvio. Até que um dia o terceiro molar inferior esquerdo resolveu dar as caras. Então o dentista topou extraí-lo, conforme contei  nessa postagem. E agora o último infeliz, filho da #%7@ resolveu me atordoar. Troquei o antigo odontólogo por uma que é um amor, muito querida, competente, e tudo de bom. Só que eu dei a mancada de resolver tirar o filho da #%7@ justo na última semana de aula do semestre, porque temia que ele me incomodasse durante as férias e n]ao me deixasse comer as maravilhosas comidas que a minha mãe faz, como aconteceu no verão passado. Só que não imaginava passar 3 dias tomando apenas sorvete, iogurte e sopa fria. Fiquei feliz porque, há pouco, consegui comer bolacha de mel. Nem estudar para as provas eu consigo. Não sinto dor nem estou com o rosto inchado, só não quero pisar na bola e estragar tudo agora com um peito de frango grelhado com arroz à grega e batatas gratinadas com ervas.
O bom de tudo isso é que um dia vou lembrar desses episódios e vou rir, enquanto conto pra alguém. Ah, meus 23 anos... e uns juízos a menos.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

12 de junho

Estava aqui lendo algumas postagens que escrevi em outros tempos. Pra ser mais preciso, as que escrevi há um ano, por volta do dia 12 de junho. Entre algumas letras comidas durante a digitação, encontrei comigo mesmo um pouco menos vivido. Um ano não é muito tempo. Ou é, dependendo do que e de quem você tem. Eu, por exemplo, tenho pouco mais do que a mim mesmo, e leia-se por esse pouco mais todas as pessoas e coisas maravilhosas que fazem parte da minha vida e a quem eu humildemente nomeei como pouco mais.
Deste seleto grupo, fazem parte poucos que são os mais importantes da minha vida. Meus poucos amigos - pirados, surtados, parceiros, engraçados, que me fazem rir quando penso surto e penso que o fim do mundo acabou com a barra de chocolate -, minha família maluca, de tradição italiana, que come bem, fala alto, ri muito e chora pouco, além de jogar baralho, me proteger, brigar comigo, dizer que eu sou muito novo pra isso e muito velho para aquilo, e que sempre está do meu lado quando preciso de qualquer coisa. Sem contar na minha faculdade, que toma grande parte do meu tempo, e na qual eu aprendi sentindo na pele o que significa ser auto-didata.
Bem, eu não sei o que seria de mim se uma vírgula do que vivi estivesse fora do lugar em que foi colocada. Eu me sentia e me sinto um pouco estranho, às vezes, por não estar namorando na idade que estou. Todo mundo que eu conheço e que é normal, que teve ou tem a minha idade, namora, já namorou ou está em vias de. Eu também namorei. Uma única vez. E fui do céu ao inferno, sem escala no limbo. Senti a adrenalina do início, dos primeiros encontros, de não ter o que dizer, de tentar encontrar qualidades em mim pra poder ressaltar, tentando esquecer os defeitos, fiz planos, sonhei, fui cuidado, cuidei, me entreguei, até que tudo acabou e eu fiquei querendo mais. E eu desejei tudo de novo, mas as coisas não aconteceram segundo meus planos e este é o segundo 12 de junho que eu passo solteiro, depois do término do meu curto namoro.
Eu li alguns apelos na internet que, ainda que de brincadeira, senti um fundo de verdade e desespero, do tipo Alugo-me para o dia dos namorados. Tiro foto, beijo na boca e digo que amo. É engraçado, fofo e convidativo, até. Mas me parece meio vazio e eu não tive coragem de compartilhar no meu facebook. Porque eu não sou uma simples peça exposta em uma loja de fantasia. Eu não me alugo, não tenho preço e minha companhia não é contabilizada por horas. Eu me doaria, deixaria que me levasse, diria sim se fosse de meu agrado. E o meu preço seria minhas próprias pernas tremendo, meu coração quase saltando boca afora, minhas mãos suando e eu tremendo por completo, como que em um orgasmo antecipado. Não tenho manual de instruções, mas se não souber me usar, me devolva pra mim mesmo. Se, por ventura, me estragar, eu me conserto, basta um tempo em repouso, e tudo volta a ser como era antes. Não exatamente igual, mas um pouco mais resistente é bem provável.
Neste dia dos namorados vivamos o lado bom de ser solteiro. Levemo-nos pra debaixo das cobertas, ofereçamo-nos uma taça de vinho, umas rosas, uns bombons e a nossa própria companhia, da qual muitos de nós estamos carentes. Viva nossa solteirice, seja por opção, ou por falta dela.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Indomados

Hoje eu me senti dentro de uma novela. A Indomada. Só faltou Maria Altiva gritando Oh chente mai gódi. E o cadeirudo correndo atrás de mim. E eu estar de pijama pra que ele me perseguisse, claro, senão não teria graça.
Tudo começou porque eu queria dar uma espairecida. Então, eu fui para um dos lugares mais frequentados da Ilha durante o verão, mas que, no inverno, fica quase deserto, não fosse os habitantes deste simpático vilarejo. Simpático durante o dia porque, logo que escureceu, a noite ficou na penumbra. A iluminação pública era insuficiente para dar conta de tanta neblina. E eu, como sou traumatizado com assaltos, ficava imaginando um terrorista em potencial quando avistava qualquer pessoa, mesmo que fosse uma vovozinha, andando na rua. Também, o que a velhinha tinha de fazer na rua com aquela escuridão. Eu já me imaginava sendo capaz de dar um golpe qualquer de arte marcial na coitadinha, caso ela resolvesse me assaltar. Lógico que se ela tentasse me roubar não seria tão coitadinha assim. Às vezes, até tentava posar de malandro quando vinha alguém em minha direção, mas acho que ficava meio ridículo aos olhos de quem passava, que se tinha alguém pensando em fazer alguma maldade, não fazia porque ficava com pena. Sim, porque vestido completamente com cores claras e combinando, acho que eu não convencia muito como malandro. Agora, como retardado, certamente eu não sou convencia como devia comover.
Então, delícias, hoje era isso. E lembrem-se: nas noites de lua-cheia, cuidado com o cadeirudo. Ele jura que não, mas pode voltar.

domingo, 20 de maio de 2012

Eu mereço

O fundo do poço não é quando você ainda está dentro do buraco e rezando em agradecimento por ainda não estar coberto de terra. O fundo do poço é quando você se dá conta de que arranja uma nova decepção pra superar uma antiga. E essa corrente dos infernos, acaba quando, cacete? - é o que eu me pergunto.
Pois bem. se o encardido- a temerosa força do mal -existe, ela seleciona uma parte das pessoas para fazer dele vítimas. Ele deve escolher as pessoas mais frágeis e vulneráveis pra isso. Por que ele não escolhe um armário de 1 metro e 90 de altura? Ele é diabólico mas não é louco. Sobra sempre pras almas boas, caridosas, que devolvem a carteirinha do RU ao dono distraído que a perdeu, ou para aqueles que sempre falam a verdade, não jogam lixo na natureza, se preocupam com as causas ambientais e choram por coisas bobas. Claro, é mais fácil tentar esse grupo de viventes e fazer com que eles se ferrem cada vez mais.
Pra variar, hoje eu estou bem. Fiz uma cagada por acidente, mas estou aprendendo a lição: de todas as coisas que dão errado, sempre dá pra dar umas risadas e - por que não? - tirar uma lasquinha.
Foi isso que eu fiz hoje. Se o maligno pensa que eu vou me lamentar e ficar chorando, aviso logo ele pra que vá tomar um bom banho de água-benta. Afinal, eu sou loiro e não sou obrigado a aceitar, sempre resignado, às regras que ele impõe. Se ele me colocar mais uma tentação no meu caminho e, por ventura, eu cair, eu antes de cair vou me esbaldar com ela. Dá licença, né.
Errar é humano e eu erro de vez em quando. Quem não erra? E, também não foi tão grave assim. Eu só confundi duas coisas completamente diferentes e minha boca grande não se conteve. Aos maliciosos que estão lendo, que não pensem besteira, pois eu falei boca GRANDE  e não GULOSA.
Quanto aos pastores de Igrejas fundadas em porões de bodegas baratas, não me ataquem pelo que escrevi, por favor, uma vez de que o encardido a que me referi não é o mesmo que vocês usam pra tirar dinheiro do povo que, por enquanto, tem fé.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

À moda antiga

Hoje eu queria estar um pouco mais animado, mas está meio difícil já que a água do meu prédio acabou. Tudo bem que está frio e que ninguém vai me usar, mas a questão é a higiene e nem tanto o fato de não ter ninguém pra relar. Não sou muito chegado em banho de canequinha, bem ao contrário de uma antiga vizinha dos meus pais, italiana, que, no inverno, tomava banho sentada atrás do fogão à lenha. Ela também fazia queijo colonial pra vender, e dizia que a sujeira que se acumulava debaixo das unhas saía todinha. Melhor nem pensar pra onde ia essa craca. Agora, me vejo acordado, esperando a água voltar pra poder tomar banho e dormir.
Isso faz eu me lembrar das vezes, quando eu era criança e morava no sítio, e morria de medo de perereca. Sim, perereca. Uma espécie de perereca eu tenho medo, já a outra, não gosto mesmo. Voltando ao assunto, eu detestava a ideia de dividir o mesmo mundo com as verdinhas. Elas eram tão repugnantes, frias e assustadoras que eu imaginava terem vindo de outro planeta - o Planeta das pererecas -. Só que as danadinhas, volta e meia, apareciam no banheiro e queria disputar território comigo. Era eu ligar o chuveiro e pegar o sabonete pra logo avistar aquele monstro grudado a uma das paredes geladas. Impossível ser indiferente diante de tão abominável monstro que me observava em momento tão íntimo. Como eu não era louco pra aceitar passivamente aquelas situações - que não foram poucas -, eu berrava e logo minha mãe vinha em meu socorro. Até o dia em que ela cansou e disse que eu já era mocinho e estava em tempo de eu cuidar sozinho da perereca. Então, para evitar dissabores e tendo em vista que aquele espaço era pequeno de mais pra mim e pra perereca, tomei a atitude mais sábia e a que considerei mais cabível naquele momento, que foi a de deixar o banheiro todinho pra ela e tomar banho no tanque da lavanderia por alguns dias, até que ela tomasse o rumo dela e fosse desbravar outras paredes azulejadas.
Hoje eu cresci e, comigo, cresceu também o medo de anfíbios, repteis e afins. E eu continuo de mau- humor.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A parte do prato

E o quê resta depois da festa? Eu respondo: sobram roupas usadas, corpo cansado, cara lavada. A intenção de preencher o vazio que nos acompanha é até boa e louvável, mas, de quê adianta se depois tudo volta ao normal?
A ceia é boa e, raríssimas vezes, surpreende com um cardápio que não havia sido planejado ainda. O prato é perfeito, dá até pra desconfiar do sabor, porque a cara está boa de mais. O medo de dar a primeira garfada é eminente, mas não tem mais jeito, agora é só lamentar. E então, eis que o inesperado acontece, os sinos badalam, e shazam: o sabor é incomparável, nosso paladar jamis foi contemplado com impreessão parecida e, tendo a possibilidade de escolher - rápido - entre comer apenas as garfadas que nos foram servidas ao prato ou devorar o manjar e lamber a louça, ficamos com a segunda opção, já que todos estão entretidos com suas aparências impecáveis e suas vidas perfeitas e sequer notariam o que se passa conosco, inebriados que estamos com a descoberta.
É provável que este prato já tenha passado pelas mãos de muitos, sem paladar aguçado para distingui-lo de outro qualquer. Creio que até por mim já passou iguaria de proporcional sabor, mas que não tive sensibilidade suficiente para notar seu real gosto. Contudo, com esta especificidade, garanto que nunca vi. Este era o meu prato.
Então, depois de nos lambuzarmos com o jantar, mal podemos acreditar que já acabou. Então, é hora de falar com o cheff e findar a curiosidade: o quê foi servido? Mas, eis que o inesperado acontece novamente, e não há cheff algum, apenas um lugar vazio no cargo mais respeitado da cozinha.
A sensação de fome foi-se embora, levando consigo a real ilusão vivida. Ninguém aponta em nossa direção, ninguém percebeu nada do que se passou e tudo segue normalmente. Menos pra nós, que vivemos e provamos do que foi servido.
A volta pra casa é automática,e nos recolhemos para dentro de nós mesmos, onde ninguém entenderá o que aconteceu e por isso é desnecessário compartilhar com alguém que não resida no nosso interior. E quem reside nesse lugar, na outra ponta da mesa? Para quem viveu essa sensação alguma vez, há um lugar vago e uma travessa vazia, esperando pelo prato e pelo cheff.
E depois de esperarmos à toa que alguém sente nesse lugar, levantamos e nos dirigimos ao toucador, que é o único lugar em que nos vemos realmente despidos e onde revisitamos nossas secretas fantasias e sonhos de outrora e de hoje, os quais são indispensáveis para acordarmos amanhã, colocarmos nossas vestimentas, e escondermos um pouco de nós para aquele que ainda não chegou.
E quanto a receita do que foi feito naquele inesquecível banquete, haverá repetição? Haverá cheff? Quanto a esta indagação, há como respondê-la porque não há uma resposta condizente a todos os paladares.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Crônica da saudade

Porque sentimos falta de alguém que sequer ocupou o lugar mais importante ao nosso lado. Não é uma pergunta, não. É uma afirmação para tentar justificar o injustificável que é o vazio, o buraco ou a cratera que há ao lado de quem sofre pela ausência de um amor que se foi, ou pela saudade de um que jamais existiu.

É difícil admitir, mas sinto uma certa ponta de inveja das pessoas que tem um amor e que são correspondidas. Não acredito em inveja boa ou ruim, apenas creio que existe o sentimento de olhar para a felicidade alheia e querer algo parecido pra si. Uma inveja que não é bem inveja, mas uma fonte de inspiração, talvez. A segurança de ter alguém e sentir-se amado é sonho que parece cada vez mais distante, não importa quão nobres sejam nossos sentimentos. O que de concreto existe é a realidade, comum a muitos, e que faz questão de mostrar-se toda vez em que o calendário aponta uma data especial, seja Páscoa, dia dos namorados, Natal... Ou até mesmo as datas que não foram previstas ou assinaladas por ninguém, apenas aqueles momentos particulares, em que não há ninguém pra compartilhar a alegria de uma conquista ou a dor de um – ou de mais um – fracasso. Pior ainda é não ter ninguém sequer para ouvir uma música e reviver um momento que ficou na lembrança.

A gente se faz passar por forte quando na verdade se borra de medo. Engolimos a seco um dissabor da mesma forma que tomaríamos um suco de laranja gelado em um dia de calor, enquanto que nossa real e única vontade é cuspir tudo e sair correndo pros braços de alguém que nos passe segurança. Alguns “quase que sortudos” – acho que me enquadro neste seleto grupo – têm a sorte de poder contar com pais, ou amigos, ou quem quer que seja, capaz de dar esta força. Mas não é de amor fraternal apenas que precisamos a partir de certa fase da vida. É de pele, química, carne, corpo e, principalmente, coração. Onde você está?


sábado, 28 de janeiro de 2012

Carpe diem


Hoje pela manhã, acordei bem cedo com uma invejável disposição para caminhar na beira-mar. E foi o que fiz: Tomei banho, uma vitamina e saí, bem cedo, umas nove da madrugada.
Pois bem, quando cheguei no início da pista, logo que dei meus primeiros e lentos passos, percebi que, à minha frente, um colega de cooper usava uma camisa vermelha, muito semelhante a uma que eu tenho em casa. Pensei comigo na ousadia daquele atleta - se é que aquele transeunte de araque pode ser assim chamado -em usar uma camisa igual a minha. Com o intuito de mostrar a ele que ele pode ter a camisa igual a minha, mas que o preparo físico dele não se compara ao meu, acelerei meus passos e o ultrapassei. Por uns 5 minutos e alguns passos, comemorei minha vitória e, quando estava quase recebendo o troféu imaginário Camisa vermelha 2012, não é que o atrevido passou correndo por mim e foi-se embora? Enquanto esteve em meu campo de visão, por cerca de uns 8 minutos, o danado continuou correndo, enquanto eu ia me arrastando a passos curtos. Bem, pensei cá comigo, ele deve ter um bom preparo e um excelente treinador, deve ter participado de umas 4 São Silvestre, vencendo todas, apesar de seu um metro e meio de altura. Então, passei a admirá-lo, afinal, devia ser um atleta.
Quando estava quase que convencido por completo, eis que um vovô, de uns 70 e poucos anos, mais ou menos - não é exagero, juro - passou por mim como um foguete. E o vovô-foguete vestia um pijama. É sério, não é brincadeira. O vovô vestia um pijama com a parte de cima cor creme e a de baixo estampada, que eu não consegui identificar os desenhos, mas que provavelmente deviam ser luvas de boxe, esteira, pesos, enfim... uma academia todinha naquela bermuda de dormir. E foi-se embora, tão rápido e ágil quanto o abusado da camisa vermelha.
Na certa era tudo combinado, com a finalidade de me desanimar. Mas eles não conseguiram, se foi essa a intenção. Fui até onde havia planejado ir, a passos muito lentos e vagarosos, admito e, de quebra, na volta, parei na padaria e tomei uma xícara de café bem doce com 3 pães-de-queijo.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Dois mil e e o tempo voa!



2012 é um ano novo. É engraçado, mas eu não sei por onde começar as mudanças, ao certo. Os caminhos são tantos que chego a ficar confuso, ao mesmo tempo em que me divirto.



Mudar não é fácil, e isso eu já percebi. Velhos hábitos parecem que estão tatuados em mim e parecem resistir às minhas tentativas de mudá-los.



Eu nunca precisei mudar, eu nunca quis mudar, só que agora é tudo diferente. Novo ano, tudo novo. Passaram-se já 3 dias e eu estou me esforçando. Ao menos neste ano há um dia de bônus, já que fevereiro tem 29. Fiz alguns projetos para 2012, e espero conseguir cumprí-los antes de 2013. Em alguns aspectos, ando metendo os pés pelas mãos, eu não tenho muita prática com certos assuntos, principalmente com aqueles que são só sonhos, e que nunca tive experiência parecida. Minha cabeça está doendo um pouco, e meu sono foi-se embora. Talvez seja um empurrãozinho para eu não deixar que o ano passe e eu não veja por estar dormindo.



Mas acho que a tarefa mais difícil de todas, não só pra mim, eu imagino, seja administrar emoções. Eu nunca fui uma pessoa propriamente com as emoções controladas, sempre as externei de forma intensa, tanto alegria quanto tristeza. Do riso para o choro sempre foi um pulo , às vezes, conter os soluços, foi coisa difícil. Ou então os momentos em que escaparam palavrões da minha boca em momentos inadequados. Seria cômico se não fosse trágico. Ou dos momentos em que eu dormi pra não chorar, esperando por uma luz durante o sono. Em alguns casos, a luz veio e, em outros, acordei e as coisas estavam piores.



Mas 2012 é um ano novo, embora o tempo já esteja passando e prometendo ãoperar, ter pena ou compaixão de quem esperar as coisas acontecerem por si só. Então, simbóra levantar o traseiro de veludo e se mexer! Antes que 2013 chegue sem ser visto..,.